EDITORIAL - ARTEIRA 10

make it new"make it new" - reginaldo cardoso

O primeiro número online da Arteira, este, é o número 10 de sua história. Ao adotar o novo formato, apostamos em um passo a mais em relação ao movimento que a fundou. Em 2008, Liège Goulart, primeira editora da revista, começava seu editorial com uma frase emprestada de Lewis Carroll, em Alice no País das Maravilhas: “Comece pelo começo, siga até chegar ao fim e então, pare”.  Ela se referia àquele movimento fundante, disparado pela causa “já em função”, e que não permitia “titubear, sob o risco de ver abortado um desejo que se precipita”. A tarefa de fazer existir a Arteira lhe parecia “enorme”. Mas ela, e aqueles que a acompanharam, começaram e prosseguiram até chegar ao fim, à publicação do número 1. Então pararam, mas apenas o necessário para relançar o movimento.  

A passagem da revista impressa à versão online contou, para começar, com o apoio irrestrito e imprescindível da Diretoria da EBP-Seção Santa Catarina e dos colegas do Conselho Editorial da Arteira. Na sequência, veio a estruturação do Comitê de Publicação, fundamental  para que o projeto prosseguisse e chegasse ao final.

Ainda no início do caminho, com muitas perguntas sobre como viabilizar, em termos práticos, o novo projeto, contamos com o apoio de Lúcia Grossi e de Rachel Botrel, queridas colegas da EBP-Minas Gerais, através das quais chegamos a Marcos Lima, webdesigner, um grande parceiro, que disponibilizou seu saber-fazer para nosso projeto.

Além disso, ele nos apresentou o trabalho do fotógrafo e urbanista mineiro Reginaldo Cardoso, a quem agradecemos muito por ter se juntado ao nosso projeto, cedendo generosamente a imagem de capa da nossa revista e as diversas fotografias que ilustram este número 10 da Arteira. Quisemos trazer um pouco da vida das ruas para esta edição e seu trabalho vigoroso contribuiu muito para que pudéssemos fazê-lo de uma bela maneira.

Nesse campo das imagens, a cor local, por assim dizer, está presente em  duas fotos que capturam algo do que se inscreve pelos muros de Florianópolis. Agradecemos a Tatiane Fuggi, participante há vários anos da EBP-Seção Santa Catarina, por essa contribuição. As demais fotos foram registros de rua na cidade de Lacan, feitos durante a fase de finalização da revista, incluindo, em uma delas, um trabalho do genial grafiteiro francês Jef Aerosol.

Essas imagens aludem às "Pulsações" da psicanálise na cidade, tais como a conferência Sobre o ódio, proferida por Oscar Reymundo na Universidade Federal de Santa Catarina e a “Ação Lacaniana”, atividade que Cinthia Busato coordena na Seção Santa Catarina. Em seu texto Experiências triviais sem igual, intitulado a partir de uma expressão usada por Marie-Hélène Brousse, ela oferece aos leitores uma reflexão importante sobre a especificidade  da inserção da psicanálise de orientação lacaniana na vida da pólis.

A atividade “Psicanálise vai ao cinema”, coordenada por Laureci Nunes, já é parte da vida cultural da cidade, presentificando a psicanálise na cidade através da sua conversa com a sétima arte. Esse trabalho está representado nesta edição por seu texto Léolo e pelo de seu convidado, Raul Antelo - Nijinski, o salto e o pensamento.

Esta edição celebra o aniversário de dez anos do Núcleo de Pesquisa em Psicose com a publicação de diversos textos atinentes ao tema. Dois deles compõem a rubrica “Não dá para esquecer”. A conferência de Guillermo Belaga – O que as psicoses nos ensinam sobre a lógica do tratamento -  foi proferida em um Colóquio realizado pelo Núcleo em 2009. Henri Kauffmaner revisou e atualizou para uma versão mais curta a conferência intitulada Clínica da psicose: uma relação pragmática,  que proferiu em 2008, em outro evento promovido pelo Núcleo. Além desses, publicamos sob a rubrica “Falando em...” o texto em que a equipe de coordenação do Núcleo apresenta seu percurso e sua proposta de trabalho, e as contribuições de Elisa Alvarenga – A transferência e seu manejo nas psicoses -, de Maria Teresa Wendhausen – Do que faz furo -, de Luís Francisco Espíndola Camargo – Um delírio discreto de autoacusação – e de Gustavo Ramos – A obra e a loucura

No final de julho de 2018 recebemos Oscar Ventura, AE em exercício, que trabalhou conosco por dois dias marcantes. Repercutindo os efeitos desse trabalho entre nós, a rubrica “Não dá para esquecer” inclui o texto traduzido para o português do seminário que ministrou nessa ocasião, sob o título Da identidade impossível a uma política do sintoma.

Na rubrica “A formação do psicanalista da Escola”, nomeada em alusão direta à Proposição de 9 de Outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escola, foram incluídos três textos. Cada um deles diz respeito a um ponto importante da formação analítica. O de Elisa Alvarenga - Ensino e transferência de trabalho – corresponde à sua apresentação em  um dos eventos do projeto “Ensino dos AMEs”, desenvolvido na Seção desde o segundo semestre de 2017. Supervisão, de Oscar Reymundo,  foi apresentado na atividade “Supervisão: quais efeitos de formação?”. Finalmente, o testemunho de Oscar Ventura - Identificação, acontecimento de corpo e laço social – foi apresentado quando de sua vinda a Florianópolis, em julho de 2018, na atividade “O passe na Escola”. 

“Tecituras analíticas” foi a última rubrica a ser criada, por sugestão de Flávia Cera, mais nova integrante do nosso Conselho Editorial, para abrigar os textos que queríamos muito publicar, mas que não se encaixavam nas demais:  Tempo, desejo e ato, de Liège Goulart;  Da existência sem mundo, de Fred Stapazzoli; e O grito ancestral, de Eliana da Motta S. C. de Lopes.

A revista online significa, para nós que sustentamos este projeto, um passo a mais, como foi dito no início deste editorial. Um passo a mais na direção dos leitores, principalmente. Uma aposta que porta o desejo de que a Arteira circule mais, que os textos publicados possam chegar mais facilmente aos que se interessam pela psicanálise. Uma aposta na direção de compartilhar mais amplamente o trabalho realizado na Seção Santa Catarina.

Está feito: a Arteira é, a partir de agora uma revista online. Demos o passo, mudamos. Mas trazemos conosco o legado que recebemos e que se faz representar aqui pela frase de Lewis Carroll. Começamos do começo, prosseguimos e agora paramos. Para depois recomeçar. O número 11 já está em nosso horizonte.

Florianópolis, 1º de outubro de 2018

Louise Lhullier
AP, Membro da EBP/AMP
Presidente do Conselho Editorial

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