O UNHEIMLICHE EM FREUD: O (IN)FAMILIONÁRIO [1]


Nancy Greca Carneiro imagem de Anka ZhuravlevaImagem: Anka Zhuravleva

Nancy Greca Carneiro
Analista praticante; Membro EBP/AMP
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A cada ensaio de Freud que leio, digo: é um dos mais belos textos de Freud! A cada Seminário de Lacan que me ponho a ler, exclamo: é um dos mais complexos textos de Lacan!

Inicio minha reflexão com o Infamiliar, tal como o encontra Freud: como aquele que não cessa de não se traduzir. Num pequeno texto de José Eduardo Agualusa, “Sobre o intraduzível” (2015), são apresentadas, no subtítulo, as palavras portuguesas saudade e cafuné enquanto intraduzíveis. Saudade é uma palavra portuguesa “com certeza”, palavra de navegantes. Cafuné, palavra africana. As palavras africanas de origem angolana têm tons musicais. Balangandã, por exemplo, origina-se como onomatopeia, com base no ruído que fazem objetos ornamentais quando pendurados: figas, medalhas, chaves etc. Cafuné, como esclarece Agualusa (2015), “palavra que vem do quimbundo, língua de Angola, da região de Luanda, e faz referência aos estalidos produzidos pelas unhas do polegar e do indicador, ou do anelar, enquanto se acaricia o cabelo, numa delicadíssima cerimônia de apaziguamento e relaxamento espiritual.” E, após constatar que “Saudade é palavra de viajantes” (id., grifo meu), afirma: “Saudade e cafuné poderiam, afinal, resumir o Brasil: a melancolia lusitana temperando e harmonizando-se com a doçura e a sabedoria ancestral da África. Isto pode ser traduzido? Receio que não.” (id.)

Das Unheimliche (O Infamiliar) foi publicado por Freud em 1919. Esse ensaio implica a referência estético-literária que atravessa a obra freudiana, a reformulação metapsicológica das pulsões e a natureza social e política dessa obra. Nele, o autor alemão começa localizando, no âmbito da estética, a questão do efeito de horror, produzido pelo escrito literário no sentir. Ao isolar um grupo específico do complexo angustioso, Freud estende sua investigação à linguística: de heimlich à unheimlich, palavra que se fundiu ao seu oposto, recorta a estranheza do íntimo e segue destacando a natureza intraduzível de sua palavra conceito (IANNINI; TAVARES, 2019).

Freud ([1919]2019) segue apontando casos específicos em que o sentimento de infamiliar é despertado no sujeito, desde as fontes infantis de medo (desejo ou crença no qual o Eu, na dialética narcísica, defende-se da objeção imposta pela realidade), as diversas formas de animismo (automatismo, animado-desanimado, onipotência do pensamento), o aparecimento do duplo (advindo do desenvolvimento do Eu), o retorno involuntário do mesmo (acontecimento, número, compulsão das pulsões, premonições), a força de reações emocionais originárias e a incerteza científica (sentimentos relacionados à morte, retorno dos mortos, fantasmas). Ele conclui: “Tudo o que hoje nos aparece como ‘infamiliar’ é a condição para que esses restos da atividade psíquica animista ainda nos toquem e estimulem sua expressão.” (FREUD, [1919]2019, p. 85). O infamiliar surge quando crenças animistas superadas se reapresentam ao sujeito como confirmadas, mas o essencial, diz Freud, é destacar um grupo no qual o afeto é transformado em angústia pelo recalque. Aqui, Freud nos surpreende ao afirmar que o infamiliar é recoberto pelo horror: “[...]o infamiliar se mescla com o horrorífico e, em parte, é por ele recoberto” (ibid., p. 87). Então, surpreendentemente, descobrimos que o horror recobre alguma coisa que não se representa e que só pode se apresentar.

Com isso, temos uma primeira proposição em Freud: “[...]o infamiliar é o familiar doméstico que sofreu um recalcamento, dele retornando, e que todo infamiliar preenche esta condição.” (ibid., p. 97, grifos do autor). Porém, nem todo retorno do recalcado produz o sentimento de infamiliar. As mais diversas formações do inconsciente estão aí para o demonstrar.

Freud, então, dá ênfase às fronteiras entre fantasia (localizada no campo da ficção) e realidade (condições impostas ao pensamento pelo princípio de realidade), e faz questão de nos lembrar que nos contos maravilhosos, nos devaneios ou nos sonhos diurnos, em que se supõe a liberação desse julgamento, o efeito de horror não se produz. Deve-se distinguir, então, o infamiliar proveniente da ficção (que procede de crenças primitivas superadas) do infamiliar, menos frequente, proveniente da vivência, que “[...]se trata de um recalcamento efetivo de um conteúdo e do retorno do recalcado, mas não da superação da crença na realidade” (ibid., p. 105), no qual a realidade psíquica toma o lugar da realidade material.

Temos, então, uma segunda proposição em Freud: “[...]o infamiliar da vivência existe quando complexos infantis recalcados são revividos por meio de uma impressão ou quando crenças primitivas superadas parecem novamente confirmadas” (id., grifos do autor). Assim, o vivido, que provém do complexo infantil recalcado, será sempre infamiliar, nas ficções ou nas vivências. O infamiliar virá sempre na forma do arrepiante, horrorizante. Aqui, sublinho o revivido, para colocar em evidência a presença de um corpo vivo frente ao que Lacan chamou de retorno no real, aquele que coloca, de imediato, o gozo em jogo.

Freud localiza o infamiliar no encontro de Nathaniel com a angústia de castração. Ele se pergunta: “Por que a angústia relativa aos olhos é trazida aqui em íntima relação com a morte do Pai? Por que o Homem de Areia aparece sempre em íntima relação com o que perturba o amor?” (ibid., p. 63). E ele mesmo responde que esses acontecimentos “[...] se tornam plenos de sentido quando se substitui o Homem de Areia pelo temido pai, de quem se espera a castração” (id.). Do pai ao Homem de Areia, e deste a Coppelius e a Coppola.

Lacan, no Seminário X, convida a ler Das Unheimliche de Freud dizendo: “Assim como abordei o inconsciente através do Witz, este ano abordarei a angústia pela Unheimlichkeit” (LACAN, [1962/63]2005, p. 51). No Seminário V ([1957/58]1999), Lacan introduz o chiste, sublinhando sua maquinaria significante e seu efeito de criação de sentido. Constrói seu grafo como grafo de desejo, enraizando-o na insatisfação e, apresentando o objeto a como suporte do desejo na fantasia, o situa no objeto metonímico.[2] Situa a angústia no encontro do Sujeito com a opacidade  - enigma do desejo do Outro - e, no horizonte da demanda, o Outro que se apresenta inconsistente: S(A/). Mas é com o infamiliar que Lacan localiza o objeto da angústia no campo do imaginário, como aquilo que não se deixa especularizar.

No Seminário X, após articular a constituição do desejo do homem ao desejo do Outro, Lacan apresenta no advento da função do objeto a, que no imaginário daria consistência à imagem especular - i’(a), sua ligação inaugural com o grande Outro. Ele pergunta: e quando surge a angústia? “A Unheimlichkeit é aquilo que aparece no lugar em que deveria estar o menos-phi.” (LACAN, [1962/63]2005, p. 51.); é onde a falta, falta. A angústia surge quando no lugar do nada, no lugar do vazio velado pela imagem, algo aparece.

Nesse mesmo seminário, Lacan ainda demonstra que “[...]não é a angústia da castração em si que constitui o impasse supremo do neurótico” (ibid., p. 56), mas é fazer de sua castração aquilo que falta ao Outro. A angústia surge quando a falta no Outro vem a faltar. “O homem encontra a sua casa (Heim) num ponto situado no Outro para além da imagem de que somos feitos. Mas ali onde me reconheço (Heim) se revela que o desejo do homem é o desejo do Outro, mas também que meu desejo me exila de minha subjetividade” (ibid., p. 58). O que está no lugar do Heim, é Unheim. O que angústia é sempre o “isso não falta!” (ibid.., p. 67). Com Nathaniel, no lugar do olhar que fascina, apresenta-se o “olho que me é arrancado, me olha”.

O tema do infamiliar ressoou numa investigação que realizo acerca dos efeitos de criação, nomeação e sentido, que advêm das clássicas estruturas freudianas do espírito, assim chamadas no Seminário V: as formações do inconsciente  ̶  que, no mundo contemporâneo, fazem aparecer o ofensivo, o blasfemo, o injurioso, postos a serviço de uma segregação cada vez menos afeita a um possível laço social e mais próxima do racismo e da destruição.

Um dos mais belos textos inaugurais de Freud se apresenta em O chiste e suas relações com o inconsciente ([1905]2006), em que o trabalho do chiste se afirma como da mesma estrutura do trabalho do inconsciente, e sublinha-se em sua técnica a brevidade e a surpresa que produz no Outro, aquele que lhe dará um destino de riso ou consternação. Faço notar que a porta de entrada para as formações do inconsciente, em Lacan, toma de Freud o conhecido neologismo Familionário. Neologismo apresentado por Heine em Os Banhos de Lucas (um dos volumes de sua obra Reisebilder [Quadros de Viagens]), atribuído a seu personagem Hirsch-Hyacint, espirituoso agente de loteria, quando este se gaba de sua proximidade com Salomão Rothschild: “E tão certo como Deus há de me prover todas as coisas boas, doutor, sentei-me ao lado de Salomon Rothschild e ele me tratou como um seu igual - bastante familionariamente” (FREUD, [1905]2006). Nesse ensaio, vemos Freud interpretando o criador como isomórfico à criatura, ao lembrar que Heine faz de seu personagem “uma máscara fina” e evoca, em sua biografia, Salomão Heine, o tio milionário que o acolheu em sua casa de forma muito familionária, assim como convém a um milionário.

Ao se referir ao inconsciente, Lacan ([1957/58]1999, p. 25) diz: “O inconsciente, justamente, só se esclarece e só se entrega quando o olhamos meio de lado”, e segue ao apresentar o Witz “[...] vocês olham para ele, e é isso que lhes permite ver o que não está ali”. (id.). Jacques-Alain Miller (2012) nos lembra ainda, que no chiste, algo se apresenta no objeto do qual se burla.

Lá onde somos da mesma paróquia, rimos de um destino comum! Nos divertimos com o significante, diz Miller em O Ser e o Um (2011) [3]. Com as palavras, fazemos existir seres que não existem, sonhamos acordados com mundos maravilhosos, até dizemos o que não podemos dizer. Quem de nós não se encanta com chistes ou ditos espirituosos que fazem irromper o que está impedido de dizer e, ainda assim, encontra no Outro seu consentimento? Um pai dizia: “um dia eu estou por baixo, outro dia ele está por cima!” E seus descendentes riam muito desse destino que se infinitiza numa análise interminável. Uma satisfação que se alcança ao atravessar o proibido no sentido compartilhado e numa experiência comum. Somos todos um pouco “zero à esquerda”.

Freud ([1995]2006) considerou a estrutura dos chistes pelo ponto de vista econômico, como uma forma de veicular a agressividade e de se obter satisfação pela via do inconsciente considerado à luz dos processos primários. Nesse ensaio, ele sublinha que há um trabalho do sujeito na produção do chiste, um gasto de energia, e que a satisfação obtida só é alcançada no consentimento obtido no seu interlocutor. Ri o outro que não teve de vencer as coerções psíquicas no processo do chiste. Lacan faz intervir o grande Outro desde suas origens, no balbucio, até sua presença ratificadora:  desta forma quem faz o chiste não ri, quem ri é o A que nada fez. O inconsciente se revela fugaz e inesperado nos chistes e nas piadas, não sem o Outro a referendá-los.

Em La fuga del sentido, Miller (2012, p. 370) diz que o chiste, ao levantar a repressão, produz aquilo que chama de ruptura da causalidade e faz somar ao jogo do significante a força da pulsão.[4] Ao prazer do significante puro se acrescenta um plus da pulsão, efeito multiplicador da pulsão, reabrindo um acesso ao primário do gozo. Miller faz equivaler o chiste tendencioso de Freud ao chiste pulsional, e pergunta: “o que faz rir?”. Ele mesmo responde: a pulsão e sua satisfação. Estamos novamente às portas do objeto a. No Seminário XI ([1964]1988)[5], há uma inversão na definição habitual do inconsciente, na qual Lacan, ao integrar a pulsão ao inconsciente, já integra “[...]ali algo do gozo sob a forma do objeto a.” (MILLER, 2012, p. 257, tradução minha).

Miller (2012, p. 341-358) apresenta o chiste como uma forma de trabalho do significante cujo fim é a obtenção de prazer, aquilo que no chiste é alcançado pela liberação de pulsões agressivas, hostis ou obscenas. Afirma a sua psicogênese no processo social desde a satisfação obtida pelo balbucio, na trivialidade do jogo de significantes, à produção de piadas, e do chiste inocente à sutileza do chiste pulsional. O que está em jogo nessa psicogênese é a crescente implicação do significado nesse percurso. O que importa destacar, aqui, é que Freud afirma haver um obstáculo, e que este obstáculo é o “rechaçar as possibilidades primárias de gozo”. O chiste, então, reabre o acesso ao primário do gozo.[6]

O chiste, como o Unheimliche, põe em jogo algo que está no corpo. Mais ainda, nos indica, na relação do sujeito com o objeto, a estrutura fantasmática por meio da qual os efeitos de uma perda inauguram uma modalidade de relação do sujeito com o objeto e colocam em cena o desejo e o gozo. Trata-se, aqui, de saber e de gozo. Em todas as partes nos vemos diante deste gozo intraduzível, fora da gramática e da sintaxe, que ainda buscamos localizar pela palavra, pela linguagem e seus equívocos.

Miller (1998), em “A propósito dos afetos na experiência analítica”, faz do mau humor, que Lacan apresenta como um verdadeiro toque do real, um afeto que se aproxima da verdade na qual as coisas nunca são como a gente quer, um signo do encontro do sujeito com o real. Então, assinala ao sujeito o que o saber não alcança dialetizar: o gozo.

Em Lacan, o encontro traumático do significante no corpo do ser falante implica em perda de gozo e instauração de um vazio: o objeto a. Trata-se, então, do acordo do significante com o gozo e sua ressonância. No desatino de nosso gozo só há o Outro para situá-lo, mas na medida em que estamos separados dele. Quando o riso se enlaça ao gozo do corpo, a agressividade assume a consistência do ódio e o outro é degradado, ridicularizado, desprezado e injuriado e, talvez, finalmente destruído.

Concluo que, tanto no chiste como na vivência do infamiliar, o Outro se apresenta em sua inconsistência, e no chiste o sentido vela aquilo que no infamiliar é velado pelo horror. E finalizo com Freud ([1919]2019, p. 115): “Sobre a solidão, o silêncio e a escuridão nada podemos dizer.


Referências:

AGUALUSA, José Eduardo. Sobre o intraduzível: A arte de traduzir palavras como saudade e cafuné para a língua inglesa sem usar notas de rodapé. Jornal O Globo. Rio de Janeiro: Editora Globo, Cultura, 15/06/2015. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/cultura/sobre-intraduzivel-16445527>. Acesso em: 21/07/2020.

FREUD, Sigmund. O Chiste e a sua relação com o Inconsciente (1905). Rio de Janeiro: Editora Imago, 2006.

FREUD, Sigmund. O Infamiliar [Das Unheimliche] (1919). Tradução de Ernani Chaves e Pedro Heliodoro Tavares. Minas Gerais: Editora Autêntica, 2019.

IANNINI, Gilson; TAVARES, Pedro Heliodoro. Freud e o infamiliar. Blog do grupo Autêntica. Minas Gerais: Editora Autêntica, Resenha, 10/04/2019. Disponível em: <https://grupoautentica.com.br/blog/post/freud-e-o-infamiliar/1101>. Acesso em: 12/01/2021.

LACAN, Jacques. O seminário, livro 5: as formações do inconsciente (1957/58). Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1999.

LACAN, Jacques. O seminário, livro 10: a angústia (1962/63). Tradução de Vera Ribeiro e Angelina Harari. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2005.

LACAN, Jacques. O seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964). Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1988.

MILLER, Jacques-Alain. A propósito dos afetos na experiência analítica. In: KALIMEROS. As paixões do ser: amor, ódio e ignorância. Rio de Janeiro: Editora Contra Capa, 1998.

MILLER, Jacques-Alain. La fuga del sentido: los cursos psicoanaliticos de Jacques-Alain Miller (1995/96). Buenos Aires: Editora Paidós, 2012.


Resumo: Unheimlich, o encontro com o que está no outro mais próximo, mais íntimo e familiar, mas que nos arrepia, em que a boa distância não é possível. Justo a boa distância alcançada pelo sujeito no chiste, que encontra no consentimento obtido de seu interlocutor, na liberação de pulsões agressivas, hostis ou obscenas, a satisfação desejada. O chiste, ao levantar a repressão, produz o que Miller chama de ruptura da causalidade, e faz somar ao jogo do significante a força da pulsão e, como o Unheimliche, põe em jogo algo que está no corpo. Trata-se de saber e de gozo, gozo intraduzível, fora da gramática e da sintaxe, que ainda buscamos localizar pela palavra, pela linguagem e seus equívocos. No chiste, o sentido vela aquilo que no Infamiliar é velado pelo horror.

Palavras-chave: Infamiliar; Chiste; Objeto a.

Abstract: Unheimlich, the encounter with that which is found in those who are closest, most intimate and familiar, but which unsettles us, wherein a comfortable distance is impossible. Precisely, such distancing achieved by the subject through jokes, who, through the consent drawn from their interlocutor and the release of aggressive, hostile or obscene drives, finds the desired satisfaction. Jokes, by lifting repression, produce what Miller calls a break in causality and add to the game of signifiers the force of drive and, as with the Unheimliche, bring into play an element present in one’s body. It is a matter of knowing and enjoyment, untranslatable enjoyment, beyond grammar and syntax, which we still seek through words, through language and its mistakes. In jokes, meaning shrouds that which in the Uncanny is shrouded by horror.

Keywords: Uncanny ; Jokes ; Object a. 

[1] Texto adaptado da apresentação oral realizada no Seminário de Formação Permanente da EBP / Seção Bahia, de 24/09/2020.

[2] Temos, então, o objeto meta e o objeto causa. O objeto causa é resto, aquele que não se deixou ser capturado pelo significante, o irredutível ao significante. O objeto a não será nem da realidade empírica, nem de uma suposta realidade pré-simbólica. O objeto a estará numa relação de exclusão interna em relação ao simbólico: impasse na simbolização, o objeto a é o que põe em movimento o desejo. Impõe um obstáculo ao pensamento, mas também o aciona.

[3] Miller, J. A. Transcrição em apostila do Curso de J. A. Miller “O ser e o Um”. Aula do dia 16/03/2011, material no prelo.

[4] Como poderia algum significante provocar uma reação tão efusiva como o riso? Miller faz referência à teoria do caos do matemático Eduard Lorenz, Poderia o bater de asas de uma borboleta no Brasil, causar um tornado no Texas, escrito em 1972.

[5] Lacan estabelece os conceitos fundamentais em torno dos quatro conceitos freudianos, para apresentar o inconsciente como uma instância pulsional num movimento de abertura e fechamento (alienação/separação), para reordenar a repetição significante como Automaton e a Tique como encontro faltoso e, no encontro faltoso, um bom encontro na transferência. Põe em relevo uma instância que nunca vai figurar na série da repetição significante, que aparece no fechamento do inconsciente e que também anuncia o objeto a.

[6] Miller faz equivaler a este “reabrir” o acesso ao primário do gozo, a referência de Lacan em que a interpretação do analista deve dirigir-se ao objeto causa de desejo.

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